17 de fev. de 2008

Nomeado por Lula, Santos diz que manterá rumo da Seppir



Por: Redação: Entrevista ao Editor de Afropress, jornalista Dojival Vieira. - Fonte: Afropress: Foto - Isabel Freitas - 14/2/2008

Brasília – O novo ministro da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), deputado Edson Santos, 53 anos, nomeado nesta quinta-feira (14/02) disse, em entrevista exclusiva à Afropress, que “o rumo geral da Secretaria deve ser mantido”. “O presidente Lula acha que o rumo deve ser mantido. Eu também acho isso e ele me confiou essa tarefa”, afirmou.

Santos, o candidato negro com maior votação para deputado federal nas eleições de 2006 (105 mil votos) foi chamado pelo Presidente, juntamente com o secretário interino Martvs Chagas para uma conversa no Palácio do Planalto, e aceitou o convite de Lula. Ele toma possa na próxima quarta-feira, dia 20/02, às 11h30, em solenidade marcada para o Palácio do Planalto.
Candidato até ontem à Prefeitura do Rio, ele negou que o convite para a Seppir tenha sido uma decisão do presidente de interferir no tabuleiro da sucessão municipal do Rio. “O presidente não colocou isso em nenhum momento”, afirmou.

Na semana passada o jornalista Antonio Lúcio, colunista de Afropress escreveu que a ida de Santos para a Seppir seria um apoio indireto ao candidato do governador Sérgio Cabral, o ex-deputado tucano Eduardo Paes, que deixou o PSDB recentemente para se filiar ao PMDB carioca.

Veja, na íntegra a entrevista, concedida pelo ministro da Seppir ao Editor de Afropress, jornalista, Dojival Vieira.

Afropress - O senhor acaba de aceitar o convite do Presidente Lula para assumir a Seppir, em substituição a ministra Matilde Ribeiro. O convite o surpreendeu?
Edson Santos - Sim, eu fui surpreendido pelo convite. Agora agente já assimilou. O presidente do Partido (PT), deputado Ricardo Berzoini, primeiro me sondou antes do presidente formalizá-lo na manhã desta quinta-feira.

Afropress - Quando foi a sondagem?
Santos - Foi na sexta-feira ou sábado de carnaval?

Afropress – O que o senhor pretende mudar na Seppir?
Santos - A Seppir já tem todo um planejamento elaborado. Vamos dar continuidade aos programas que já vem sendo desenvolvidos, ir adaptando as coisas.

Afropress - A Seppir vinha sendo acusada de ser excessivamente paulista e predominantemente petista...
Santos - Agente tem de medir o resultado na ponta, sem discriminar as pessoas por serem dessa ou daquela região, desse ou daquele partido. Até porque a Seppir já conta nos seus quadros com lideranças oriundas de outras partidos como o PSB, o PC do B, o PMDB. A temática racial deve ser tratada com o máximo de amplitude. O central é fixar um diálogo com a sociedade, a partir da temática racial. Chamar a sociedade a uma reflexão sobre a desigualdade existente em nosso país.

Afropress - O que a sociedade e o Movimento Negro devem esperar com a sua gestão?
Santos - O presidente acha que o rumo central deve ser mantido. Eu também concordo e ele me confiou essa tarefa.

Afropress - O senhor pretende, na sua gestão, dar alguma ênfase a defesa da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial?
Santos - Acho que o Estatuto é uma questão central. Precisamos conversar com as entidades do Movimento Negro para chegar a um entendimento, a um texto consensuado para que se possa dialogar com o Executivo e o Legislativo no sentido de se criar as condições para a aprovação do Estatuto.

Afropress - A sua nomeação tem ligação com a sucessão municipal no Rio de Janeiro, pelo interesse do Presidente Lula de manter uma aliança com o governador Sérgio Cabral, como se especula?
Santos - O presidente não colocou em nenhum momento isso. Apenas disso que, face ao pedido de demissão da ministra Matilde, contaria comigo. Ele dá uma grande importância ao trabalho da Seppir.

Afropress - Mas, efetivamente, o senhor deixou de ser candidato?
Santos - O sonho da gente de se fazer uma disputa no Rio se mantém. Fui vereador por 18 anos. Mas, nesse momento está adiado, foi postergado.

Afropress O Senhor, embora negro, não é um quadro oriundo do Movimento Negro. Acha que terá dificuldade por isso?
Santos - Não acredito, até porque sempre tive uma relação boa com o Movimento Negro. Recebi manifestações simpáticas e positivas do Movimento Negro. Não terei dificuldades nessa área não.

Afropress - O ministro interino Martvs Chagas fará parte de sua equipe?
Santos - Estamos conversando. Como ele é também dirigente do PT, sempre tivemos uma relação muito boa.

Afropress - O senhor ainda pertence ao grupo da ex-governadora Benedita da Silva?
Santos - O que acontece é que sou da mesma corrente da Secretária e ex-governadora Benedita. Sou do ex Campo Majoritário, agora Construindo um Novo Brasil. Por conta da nossa história de vida pessoal, temos sim uma relação muito próxima.

Afropress - O que a sociedade e o Movimento Negro podem e devem esperar da sua gestão à frente da Seppir?
Santos - Exatamente essa construção do diálogo com a sociedade; a busca pela criação de instrumentos legislativos e de ações executivas para diminuir a desigualdade racial em nosso país. A sociedade está madura para entender a importância da Secretaria. A sociedade majoritariamente reconhece a desigualdade no país. O Estado tem de ser um instrumento para reduzir essas desigualdades.

Afropress - O senhor continuará usando o cartão corporativo?
Santos - O cartão corporativo é um instrumento da administração pública para atender as necessidades emergenciais. Uma vez feita a normatização do seu uso, que é uma decisão do Presidente da República, isso nos permitirá continuar a usá-lo para atender a determinadas urgências e emergências.

Afropress - Como o senhor acompanhou os episódios que resultaram na demissão da ministra Matilde?
Santos - Quanto à questão da ministra Matilde, digo com tranqüilidade que não houve má fé. Ela foi uma excelente gestora, uma excelente ministra. As bases da Seppir foram criadas por ela.

Afropress - Da Seppir para o futebol, para que time torce no Rio?
Santos - Sou América Futebol Clube.

Fonte: Afro Press

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